quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Manifestação na Unama vai parar no G1

As coisas, graças a Deus, são boas coincidências na vida.

Ontem a noite, quando fui receber minha penúltima orientação no TCC acontecia uma manifestação em frente a Universidade da Amazônia (Unama). Alunos do DCE da Universidade estavam fazendo manifestação contra o aumento do valor das mensalidades, que chega a 10% a cada início de ano.

Assim que cheguei na Universidade, fui obrigado a passar bem no meio da manifestação.
- EDSON FRANCO, SEU FAFAFARRÃO, CADÊ O DINHEIRO PRA PESQUISA E EXTENSÃO (palavra de ordem dos manifestantes). Nada como utilizar o filme do momento.
- Licença, licença, deixa eu passar.
- Tome aqui um adesivo do manifesto e um nariz de palhaço.
- Muito obrigado colega, mas eu vim aqui para orientação, desculpa.

Depois que entrei na Universidade e encontrei com os amigos de TCC (Márcio e Nilson), cinco minutos depois os estudantes invadiram o prédio da Unama. O Márcio pegou meu celular e partiu para as fotos.

O engraçado era que entre os manifestantes, tinha uma figura com cara de desenho animado.

Eles ivadiram o auditório onde acontecia o Fórum Acadêmico e ainda levaram um cantor que disparou uma “sinhá pureza”. É mole?

Quando o Márcio ia fazer a imagem da noite, bum!!! Acabou a bateria do celular, mas outras manifestações virão.

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A estrada e o sonho

ASSISTA A SEGUNDA REPORTAGEM DA SÉRIE



Existem trabalhos e momentos em nossa vida que realmente são difíceis de esquecer, para mim a estrada de ferro está nesse patamar, foi um dos momentos mais marcantes de minha vida e carreira profissional (que ainda é pequena).

Toda a viagem foi pautada dentro de um equilíbrio do que não poderíamos e do que poderíamos fazer, mas no dicionário da equipe nunca houve “isso nós não podemos fazer”, sempre era, “isso vai dar certo, vamos conseguir”, em outras palavras, otimismo puro.

Logo que deixamos a padaria do viaduto o sol já começava a nos dizer bom dia com os seus primeiros raios. Nossa primeira parada oficial foi no canteiro central da Br-316 em Ananindeua para registramos a imagem da placa da cidade (cena que se repetiu ao longo de toda a viagem). Neste momento algo deixava a imagem feia: sacos de lixo. O cinegrafista, Jumbinho, começou, então, uma corrida para tirar os sacos de lixos da imagem, a cena era hilária para as 7 da manhã.

Feita a imagem, pé na estrada e na estrada paramos perto da antiga caixa d’água em Marituba, lá era a primeira parada do trem para o abastecimento de água, quem nos contou a história foi uma moradora (aparece no vídeo de hoje).

Foi neste momento que chegou a produtora da série. Depois dos “bons dias” começou o trabalho. Nossa primeira entrevistada da manhã era muito baixinha e precisávamos deixá-la um pouco maior. Conseguimos um pedaço de madeira para ela subir, ainda bem que a senhora topou numa boa e até sorrindo.

Nossas primeiras indicações de personagens começaram a surgir. Uns senhores passavam e diziam:
- Estrada de ferro, o seu Pompeu sabe de tudo, ele trabalhou lá.
Perguntei:
- Onde ele mora?
- Ah, é na rua logo depois da praça.
- Ok. Muito obrigado.

Colocamos a banda na rua e fomos atrás do seu Pompeu. Um senhor extremamente simpático que recebeu a equipe muito bem. Aceitou fazer a entrevista, deixou os amigos do bate papo em frente a casa do visinho e veio conosco até a casa dele.
- Seu Pompeu, posso fazer um pedido pro senhor?
- Faça.
- O senhor poderia vestir uma camisa?
- Camisa? Dá sim. Só um momento.

A esposa dele, igualmente simpática veio com uma camisa que ele começou a vestir.
- Seu Pompeu, não me leve a mal, mas a sua camisa ta com a marca de uma cerveja e não ia ficar legal para a matéria, o senhor pode trocar?
- Posso sim, claro.

Momentos depois ele voltou vestindo uma blusa sem propaganda e dizendo:
- O cara que inventou camisa de manga curta é um corno.
- E o que inventou camisa de manga comprida? (perguntou a produtora)
- É corno duas vezes.

Foi difícil conter o riso nessa hora. Depois da entrevista, o seu Pompeu nos disse que no quintal de uma casa ali perto havia pedaços do trilho da EFB, nós fomos conferir. Confesso que vivi uma das muitas emoções ao ficar diante daquele pedaço de ferro enferrujado... Quantas histórias....
Seguimos viagem e desta vez fomos direto para o município de Benevides onde está o recanto de Moema.

Era ali que ficava uma das estações mais luxuosos da estrada de ferro, era lá também, o sítio de veraneio do antigo prefeito de Belém, Antônio Lemos, hoje pertence a uma imobiliária.

Quando entramos para fazer imagens, fomos bem recebidos pelo caseiro que até nos deu cupuaçu.

O mais interessante é que muitas pessoas que passam pelo recanto de Moema, na Br-316, nem imaginam o que funcionava lá.

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segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Dando vida ao sonho

Assim como qualquer empreendimento na vida, o projeto de fazer uma matéria sobre a Estrada de Ferro também começou pequeno, com uma idéia trazida de uma viagem ao interior (São Francisco do Pará, nordeste paraense).

A idéia foi aceita logo de cara pela direção de jornalismo da tv cultura, então, começamos a fazer os contatos. Muita gente se envolveu contando trechos da história, mostrando fotos e jornais sobre a “Maria Fumaça” (nome dado ao trem). Tudo era uma boa recordação para os que sabiam da história e muito valioso para nós.

Nosso primeiro dia de locação não poderia ser mais dramático: sob uma chuva torrencial que caia em Belém. O primeiro entrevistado tinha trabalho para a EFB (Estação Ferroviária de Bragança) e sabia muito, foi um norte para a reportagem.

ASSISTA A PRIMEIRA REPORTAGEM DA SÉRIE




Logo que saímos do carro fizemos de tudo para proteger os equipamentos, resultado: ficamos iguais a pintos molhados, na verdade encharcados, mas os equipamentos ficaram intocáveis, isso era o que realmente importava, precisávamos contar a história.

Eu, Aldenor (auxiliar) e Jumbinho (cinegrafista) saímos da casa do cidadão um tanto quanto satisfeitos, ele deu informações valiosas para a matéria.

Na mesma rua, bairro do Utinga (se não me engano), morava mais um entrevistado. Neste momento veio o primeiro nó na garganta. O morador daquela pequena casa de madeira com uma enorme vala na frente havia trabalhado na EFB, um status social na primeira metade da década de 90 e hoje vive em uma minúscula casa de dois compartimentos.

Seu Zé, o homem da saudade da Estrada de Ferro

No olhar dele, era possível perceber que o homem diante de mim vivia de saudade, de lembranças de um passado que não volta mais. Segurei a onda e o entrevistei. Quando sai de lá, cravei o pé na vala (a chuva ainda não havia passado) e no mesmo instante olhei de volta para a casa e, por alguma razão, pensei que nunca mais estaria ali (este sentimento solitário me tomou em vários momentos da viagem).

Voltamos para a tv com o sorriso no rosto e a certeza de que o projeto havia saído do papel, não tinha mais volta.

3 dias depois pegamos a estrada rumo a locais e histórias desconhecidas, nosso destino era Bragança.

Eram 6:30 da manhã quando saí de casa, ainda estava escuro naquela manhã de março. A equipe veio com o Jumbinho (cinegrafista) e o Aldenor (auxiliar), a produtora, nós encontraríamos no caminho.

Dentro do carro, ainda com muito frio, já começávamos a fazer planos para os próximos 3 dias de convivência e trabalho. Onde iremos dormir? Onde vamos parar para almoçar? Vamos parar para comer? Será que tudo vai sair como o planejado?

Neste momento liguei para a produtora da matéria.
- Bom dia, ta na hora de acordar!
- Acordar? Ainda ta escuro aqui. Caramba, vocês são doentes!
- Mas você pediu para que eu ligasse, tô fazendo como o combinado, to ligando.
- Ta bom, ta bom. Vou dormir mais um pouco.
- Ok. Beijo. Tchau.

Primeira cidade visitada pela nossa equipe: Ananindeua

Nossa primeira parada foi para o café da manhã na padaria que fica bem embaixo do viaduto do coqueiro, em Ananindeua. Eu estava com o colete da tv e todo animado para o início da viagem e ela havia realmente começado.

Na próxima matéria você vai saber:
- Como encontramos os personagens.
- Ninguém almoça, só lancha!
- A primeira discussão da equipe.
- A primeira briga da equipe.

É o Blog do França nos caminhos da Belém Bragança.



sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Começando a viagem

Trecho da abertura produzida para a Tv Cultura (Edição Gleydson)


Falar da estrada de Ferro de Bragança é, sem dúvida nenhuma, lembrar de um dos meus grande momentos na vida profissional. Em dois finais de semana, eu e minha equipe (Carlos Augusto, Aldenor, Miguel Alves e Heloísa) conseguimos resumir e contar uma história que parecia ter sido perdida ou então esquecida no tempo, assim como tantas outras no Estado.


chamada para a série de reportagens especiais


Ao longo da produção, patrocinada pela Tv Cultura do Pará, a quem agradeço, a impressão que tinha era de que algo ficou muito mal contado para os paraenses. O trem, como era conhecida a EFB (Estação Ferroviária de Bragança) foi tirado da população do dia para a noite, sem explicação e isso ainda continua sendo um trauma na vida de quem viveu aquela época.

Em cada pessoa que encontramos e entrevistamos, era possível perceber que na medida em que ia nos contando a história, revivia, na alma, mente e coração, alguma coisa do seu passado, que não foi e nunca será esquecido.

Me senti privilegiado em ser o primeiro repórter de tv a reconstituir os caminhos da Belém-Bragança.

Foto do trem na Estação de Castanhal-Pa

Lembro que no primeiro dia de viagem, em fevereiro de 2007, tínhamos um roteiro previamente definido, como em qualquer reportagem bem produzida, mas assim que deixamos Belém, tínhamos a certeza que pouco. O meu pensamento foi logo confirmado no município de Marituba, lá entrevistamos um senhor conhecido como Pompeu. Seu Pompeu trabalhou na estrada de ferro e por causa dela teve que se aposentar, por problemas na coluna. Ele disse uma das frases mais marcantes de toda a viagem:
- Foi uma das maiores injustiças fecharem a estrada de ferro Belém Bragança.

A carga emocional com que ele disse essas palavras é de impressionar, mas era apenas o início da viagem.

Seu Pompeu durante a gravação da entrevista

Dividimos o material em 6 capítulos e todos eles estarão disponíveis no BLOG DO FRANÇA, através da TV FRANÇA. Eles serão publicados de dois em dois dias, começando da próxima segunda-feira (12/11/07).

Espero que você, amigo internauta e leitor do BLOG DO FRANÇA, goste e acima de tudo entenda a importância deste material. Digo isso, não porque eu ajudei a fazer, mas sim pelo
resgate histórico que ele foi e continua sendo para o Estado do Pará.